sexta-feira, 20 de maio de 2011

Chimamanda Adichie e o papel dos historiadores no rompimento com a "História Única"

Chimamanda Adichie: O perigo de uma história única - parte 1


Chimamanda Adichie: O perigo de uma história única - parte 2


A excepcional fala da escritora nigeriana Chimamanda Adichie demonstra magistralmente os danos que podem ser causados pela transmissão de “histórias únicas”. Quando mais se conhece o outro, menor a chance de criar estereótipos, que se não chegam a ser inverdades, são incompletudes, que transformam qualquer História complexa e multifacetada em única, determinista. E acaba por reforçar preconceitos. E também supremacias de civilizações e/ou grupos sociais sobre outros.

E nesse ponto, cabe também a nós, historiadores, a responsabilidade de dar vozes a grupos que foram calados durante os processos, inclusive pelos nossos pares, que fizeram as chamadas “Histórias Oficiais” durante o século XIX.
Walter Benjamin já dizia que “o dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer e este não têm cessado de vencer”.
Superar essa história única, oficialesca, que prioriza famílias tradicionais, determinados grupos sociais ou civilizações, em detrimento da devida medida do papel edificador de outros atores sociais é tarefa primordial. Os trabalhadores, por exemplo, sempre tiveram seu papel de edificadores negados da memória, sendo suprimidos pelos apropriadores da obra alheia. Estes que aparecem como fundadores. Os apropriadores viram construtores e estes desaparecem. Desaparecem também em função de sua fraqueza em superar seu conjunto de amarras, entre as quais, as ideológicas, provindas de fenômenos como a construção dessa história única. E romper essas amarras é um importante passo rumo a uma sociedade menos excludente. 


João Paulo da Silva 

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