sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ainda sobre as letras miúdas da postagem anterior...

...aqui vai uma singela canção em homenagem ao grupo social que mais cresce no país!



Classe Média 

de Max Gonzaga

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal

Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mais eu "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no "jardins"
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

P.S.2.: Essa canção retrata, infelizmente, o pensamento de boa parte da "classe média" brasileira que permeia a universidade pública. "Utopias" benéficas de melhorias sociais, claro, são deixadas de lado em prol da própria carreira ou da pura diversão. Ah, que saudades de ouvir Raul Seixas em festas... saudades de um tempo que nem vivi e que talvez nem chegou a existir. Apenas idealizei.  

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