Interrompendo, por hora, as postagens da série "Utopias que ficaram pelo caminho", vamos falar brevemente de um personagem da ficção. Trata-se de Codinome V, da Graphic Novel, V for Vendetta.
Criado na década de 1980 pelos lendários Alan Moore e David Gibons, V, apesar de usar capa e máscara, não é um herói convencional. Portanto, também não combate criminosos convencionais. Combate um Estado Totalitário através de métodos terroristas, explodindo prédios, implantando bombas e assassinando membros do partido com suas adagas afiadas.
Por possuir um ideal anarquista, o personagem não pretende ficar um minuto sequer no poder. Muito pelo contrário. Tenta conscientizar as pessoas e envia para elas máscaras e capas, convidando-as para sua revolução. E, ao final, se sacrifica, explodindo o parlamento londrino num apoteótico encerramento ao som de 1812, de Tchaikovsky, deixando a reconstrução da sociedade nas mãos das pessoas, que o viam como um verdadeiro representante de suas vontades.
São evidentes as referências a guerrilheiros subversivos (não só no sentido violento do termo) mais variados, que viveram (ou ainda vivem) e morreram por seus ideais.
Resta a dúvida: se vivêssemos em uma ditadura e Codinome V realmente existisse, será que o veríamos como herói ou o delataríamos e o caçaríamos como terrorista?
Será que antederíamos seu chamado a revolução?
E até, se ele conseguisse derrubar o sistema e o entregasse em nossas mãos, que outro construiríamos?
Tenho minhas dúvidas...
PS: Qualquer semelhança que essa postagem possa ter com a execração midiática de certo "terrorista" italiano refugiado no Brasil ou com a propaganda que circulou pela internet durante as últimas eleições para presidência do país não é mera coincidência.
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